Escrita Espelhada.

Definição e Ações!
O motivo mais comum para as crianças, em fase de alfabetização, escreverem espelhado relaciona-se à imaturidade dos neurônios, que ainda não permite à criança um domínio completo de posições e direções espaciais.
A lateralidade também pode estar indefinida, impossibilitando o aluno de transferir as noções de direita e esquerda para algo externo a si próprio, no caso, a folha de papel. Ele é capaz, por exemplo, de mostrar sua mão direita, dizer quem está sentado do seu lado esquerdo, mas ainda não identifica o lado direito de um colega à sua frente ou a posição da letra P.
Jesus Garcia coloca que uma disgrafia típica seria a escrita em espelho, ou escrita espelhada. A criança que escreve em espelho não tem uma representação estável dos traços componentes dos grafemas e possui apenas parte da informação, por isso, produz uma confusão e uma escrita em espelho.
Segundo Valquiria Miguel Luchezi, algumas das possíveis causas são:
déficit no domínio da ação, da motricidade, da organização temporo-espacial e na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios de atenção e da memória.
As maiores dificuldades são situar as diversas partes de seu corpo, umas em relação às outras, as noções de alto, baixo, frente, atrás e sobretudo, direita e esquerda.
Cada letra é percebida isolada e corretamente, mas as relações que a criança estabelece entre elas não são estáveis, dependem do sentido de deslocamento do seu olhar, esquerda-direita, ou vice-versa.
Outro fator responsável pelo espelhamento nessa idade é a chamada “fase de ensaios”. Até atingir a escrita alfabética a criança faz várias tentativas nas quais cria e recria o sistema de escrita. Nesse processo, podem aparecer números no meio das palavras, ou letras e frases invertidas, pois os aspectos gráficos não são a preocupação maior da criança. O que ela quer é descobrir com quantas e quais letras, escreve-se uma palavra.
Para Luciana Márcia dos Santos, a construção da escrita é um dos últimos processos de aprendizagem e um dos mais complexos a ser adquirido pelo homem. Fundamentada em Piaget, considera que a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se de dentro para fora, ocorrendo em função da maturidade do sujeito.Mesmo sabendo que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, sua ênfase recai no aspecto biológico, ressaltando a maturidade do desenvolvimento. Tanto como no raciocínio, o social e o afetivo também se equilibram de acordo com o crescimento do individuo.
Para Piaget, as atividades mentais, assim como as atividades biológicas, têm como objetivo a nossa adaptação ao meio em que vivemos. De acordo com essa postura teórica a mente é dotada de estruturas cognitivas pelas quais o indivíduo intelectualmente se adapta e organiza o meio.
Toda criança, a partir dessa perspectiva nasceria com alguns esquemas básicos - reflexos - e na interação com o meio iria construindo o seu conhecimento a respeito do mundo, desenvolvendo e ampliando seus esquemas.
A ideia, então, é oferecer atividades para tentar superar as hipóteses iniciais, provocando desequilíbrios para que novas assimilações e acomodações ocorram. Por isso é necessário fazer sempre a análise e a reflexão linguística das palavras, confrontando as hipóteses de escrita dos alfabetizandos com a escrita convencional. Também é fundamental propiciar atos de leitura e escrita às crianças para que aprendam ler lendo e a escrever escrevendo, por meio de atividades significativas e contextualizadas. Elas deverão ler textos mesmo quando ainda não sabem ler convencionalmente, apoiando-se inicialmente na memória e ilustração.
Portanto notamos que a escrita espelhada é considerada normal na idade da alfabetização, por vários estudiosos. Podemos ajudar a criança através do treino e do contato com a leitura e escrita, e com o tempo esses hábitos serão adequados.
Uma abordagem Especial para
Pais e Professores
por Solange Moll Passos
É comum nos primeiros registros escritos observarmos as crianças escrevendo letras, números e palavras de trás para frente. Por que isto acontece? Em primeiro lugar, trata-se de um fato normal no processo de aprendizagem da linguagem escrita porque nas primeiras tentativas a criança ainda não sabe todas as regularidades. Por exemplo: em nossa cultura se lê e se escreve da esquerda para a direita, ao contrário de outras culturas como a árabe e a hebraica que escrevem da direita para a esquerda, ou ainda os chineses, que escrevem de cima para baixo.
Também é necessário compreender que a criança em fase de alfabetização está adquirindo a noção de direita e esquerda. No entanto, pode ser auxiliada no desenvolvimento desta competência através de jogos e brincadeiras que envolvam principalmente o corpo. Este conhecimento, dentre outros, é muito importante para a alfabetização.
De qualquer forma, nesses primeiros passos no caminho da alfabetização, é frequente os pais ficarem angustiados ao observarem estas escritas espelhadas acompanhadas também de falta de letras ou mistura de letras e números. O ideal é deixar seus filhos fazerem suas tentativas, pois as crianças, conforme pesquisas realizadas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (pesquisadoras reconhecidas internacionalmente por seus trabalhos sobre alfabetização), começam a construir a língua escrita muito antes de entrarem no ensino formal.
De acordo com Zorzi (2000):
“Por muito tempo e, de modo bastante insistente, temos sido levados a ver, nos erros e enganos que as crianças fazem ao escrever, indícios de distúrbios e patologias. Os espelhamentos de letras são um exemplo típico desta maneira, até mesmo parcial e distorcida, de compreendermos o que é a aprendizagem.”
As crianças podem, a princípio, além da escrita espelhada, escrever “formiga” com poucas letras e “boi” com muitas. Isso acontece porque, no pensamento das crianças, a formiga é pequena, logo precisa de poucas letras, exemplo: CFAO. Já o boi é grande, então precisa de muitas letras: JAJNSHSJAKOV. Em outros casos, elas utilizam as letras do próprio nome em ordem diferente para muitas palavras. Mais adiante passam por outra fase e então escrevem uma letra para cada vez que pronunciam um som.
E assim a criança segue gradualmente em sua investigação, até atingir a escrita convencional.
Não existe criança que não sabe nada sobre a escrita. O que acontece é que a criança pensa sobre a escrita formulando hipóteses sobre ela, para compreender o que a mesma significa. Isto não quer dizer que ela não precisa de um mediador para aprender a ler e escrever. A ação de um mediador é imprescindível para fazer com que a hipótese da criança entre em conflito e assim proporcione o seu avanço.
Feuerstein (1980 apud Beyer, 1996, p. 75) diz:
Por meio do conceito da experiência da aprendizagem mediada (EAM) nós nos referimos à forma como os estímulos emitidos pelo meio são transformados por um agente ‘mediador’, usualmente um pai, um irmão ou outra pessoa do círculo da criança. Este agente mediador, motivado por suas intenções, cultura e envolvimento emocional, seleciona e organiza o mundo dos estímulos para a criança. O mediador seleciona os estímulos que são mais apropriados e então os filtra e organiza; ele determina o surgimento ou desaparecimento de certos estímulos e ignora outros. Através desse processo de mediação, a estrutura cognitiva da criança é afetada.
Mas, muitas vezes, quando se ouve dizer que uma criança de 5 anos está lendo e escrevendo, logo vem aquela preocupação: será que meu filho de 6 anos tem problemas? Neste caso é melhor agir com bom senso, respeitando o ritmo de cada um. A escola deve ser parceira dos pais, dizendo-lhes quando percebe algo que mereça mais atenção.
Zorzi (2000) também comenta:
Estamos, como adultos, fortemente contaminados com noções rígidas de “certo” e “errado”: se a criança está agindo ou pensando da mesma forma que nós, então ela sabe, ela está certa, está aprendendo. Caso contrário, se ela assimila, ou entende uma situação de uma maneira distinta da nossa, que não está de acordo com nossas concepções e crenças, então ela está errada. Não está aprendendo. E, se não está aprendendo, então deve ter dificuldades, problemas, e assim por diante.
Há uma preocupação exagerada para que se leia cada vez mais cedo. O mais sensato é baixar a ansiedade, acompanhar o desenvolvimento da criança, confiar na escola do seu filho e proporcionar um ambiente rico em leitura e escrita, regado com muita paciência e persistência.
No mais é curtir e guardar estas primeiras tentativas de escrita com o mesmo valor dado às primeiras palavras e os primeiros passos.



Fonte de Pesquisa: Rosangela Vali

Definição e Ações!
O motivo mais comum para as crianças, em fase de alfabetização, escreverem espelhado relaciona-se à imaturidade dos neurônios, que ainda não permite à criança um domínio completo de posições e direções espaciais.
A lateralidade também pode estar indefinida, impossibilitando o aluno de transferir as noções de direita e esquerda para algo externo a si próprio, no caso, a folha de papel. Ele é capaz, por exemplo, de mostrar sua mão direita, dizer quem está sentado do seu lado esquerdo, mas ainda não identifica o lado direito de um colega à sua frente ou a posição da letra P.
Jesus Garcia coloca que uma disgrafia típica seria a escrita em espelho, ou escrita espelhada. A criança que escreve em espelho não tem uma representação estável dos traços componentes dos grafemas e possui apenas parte da informação, por isso, produz uma confusão e uma escrita em espelho.
Segundo Valquiria Miguel Luchezi, algumas das possíveis causas são:
déficit no domínio da ação, da motricidade, da organização temporo-espacial e na dominância lateral, podendo ser acrescentados distúrbios de atenção e da memória.
As maiores dificuldades são situar as diversas partes de seu corpo, umas em relação às outras, as noções de alto, baixo, frente, atrás e sobretudo, direita e esquerda.
Cada letra é percebida isolada e corretamente, mas as relações que a criança estabelece entre elas não são estáveis, dependem do sentido de deslocamento do seu olhar, esquerda-direita, ou vice-versa.
Outro fator responsável pelo espelhamento nessa idade é a chamada “fase de ensaios”. Até atingir a escrita alfabética a criança faz várias tentativas nas quais cria e recria o sistema de escrita. Nesse processo, podem aparecer números no meio das palavras, ou letras e frases invertidas, pois os aspectos gráficos não são a preocupação maior da criança. O que ela quer é descobrir com quantas e quais letras, escreve-se uma palavra.
Para Luciana Márcia dos Santos, a construção da escrita é um dos últimos processos de aprendizagem e um dos mais complexos a ser adquirido pelo homem. Fundamentada em Piaget, considera que a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se de dentro para fora, ocorrendo em função da maturidade do sujeito.Mesmo sabendo que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo, sua ênfase recai no aspecto biológico, ressaltando a maturidade do desenvolvimento. Tanto como no raciocínio, o social e o afetivo também se equilibram de acordo com o crescimento do individuo.
Para Piaget, as atividades mentais, assim como as atividades biológicas, têm como objetivo a nossa adaptação ao meio em que vivemos. De acordo com essa postura teórica a mente é dotada de estruturas cognitivas pelas quais o indivíduo intelectualmente se adapta e organiza o meio.
Toda criança, a partir dessa perspectiva nasceria com alguns esquemas básicos - reflexos - e na interação com o meio iria construindo o seu conhecimento a respeito do mundo, desenvolvendo e ampliando seus esquemas.
A ideia, então, é oferecer atividades para tentar superar as hipóteses iniciais, provocando desequilíbrios para que novas assimilações e acomodações ocorram. Por isso é necessário fazer sempre a análise e a reflexão linguística das palavras, confrontando as hipóteses de escrita dos alfabetizandos com a escrita convencional. Também é fundamental propiciar atos de leitura e escrita às crianças para que aprendam ler lendo e a escrever escrevendo, por meio de atividades significativas e contextualizadas. Elas deverão ler textos mesmo quando ainda não sabem ler convencionalmente, apoiando-se inicialmente na memória e ilustração.
Portanto notamos que a escrita espelhada é considerada normal na idade da alfabetização, por vários estudiosos. Podemos ajudar a criança através do treino e do contato com a leitura e escrita, e com o tempo esses hábitos serão adequados.
Uma abordagem Especial para
Pais e Professores
por Solange Moll Passos
É comum nos primeiros registros escritos observarmos as crianças escrevendo letras, números e palavras de trás para frente. Por que isto acontece? Em primeiro lugar, trata-se de um fato normal no processo de aprendizagem da linguagem escrita porque nas primeiras tentativas a criança ainda não sabe todas as regularidades. Por exemplo: em nossa cultura se lê e se escreve da esquerda para a direita, ao contrário de outras culturas como a árabe e a hebraica que escrevem da direita para a esquerda, ou ainda os chineses, que escrevem de cima para baixo.
Também é necessário compreender que a criança em fase de alfabetização está adquirindo a noção de direita e esquerda. No entanto, pode ser auxiliada no desenvolvimento desta competência através de jogos e brincadeiras que envolvam principalmente o corpo. Este conhecimento, dentre outros, é muito importante para a alfabetização.
De qualquer forma, nesses primeiros passos no caminho da alfabetização, é frequente os pais ficarem angustiados ao observarem estas escritas espelhadas acompanhadas também de falta de letras ou mistura de letras e números. O ideal é deixar seus filhos fazerem suas tentativas, pois as crianças, conforme pesquisas realizadas por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (pesquisadoras reconhecidas internacionalmente por seus trabalhos sobre alfabetização), começam a construir a língua escrita muito antes de entrarem no ensino formal.
De acordo com Zorzi (2000):
“Por muito tempo e, de modo bastante insistente, temos sido levados a ver, nos erros e enganos que as crianças fazem ao escrever, indícios de distúrbios e patologias. Os espelhamentos de letras são um exemplo típico desta maneira, até mesmo parcial e distorcida, de compreendermos o que é a aprendizagem.”
As crianças podem, a princípio, além da escrita espelhada, escrever “formiga” com poucas letras e “boi” com muitas. Isso acontece porque, no pensamento das crianças, a formiga é pequena, logo precisa de poucas letras, exemplo: CFAO. Já o boi é grande, então precisa de muitas letras: JAJNSHSJAKOV. Em outros casos, elas utilizam as letras do próprio nome em ordem diferente para muitas palavras. Mais adiante passam por outra fase e então escrevem uma letra para cada vez que pronunciam um som.
E assim a criança segue gradualmente em sua investigação, até atingir a escrita convencional.
Não existe criança que não sabe nada sobre a escrita. O que acontece é que a criança pensa sobre a escrita formulando hipóteses sobre ela, para compreender o que a mesma significa. Isto não quer dizer que ela não precisa de um mediador para aprender a ler e escrever. A ação de um mediador é imprescindível para fazer com que a hipótese da criança entre em conflito e assim proporcione o seu avanço.
Feuerstein (1980 apud Beyer, 1996, p. 75) diz:
Por meio do conceito da experiência da aprendizagem mediada (EAM) nós nos referimos à forma como os estímulos emitidos pelo meio são transformados por um agente ‘mediador’, usualmente um pai, um irmão ou outra pessoa do círculo da criança. Este agente mediador, motivado por suas intenções, cultura e envolvimento emocional, seleciona e organiza o mundo dos estímulos para a criança. O mediador seleciona os estímulos que são mais apropriados e então os filtra e organiza; ele determina o surgimento ou desaparecimento de certos estímulos e ignora outros. Através desse processo de mediação, a estrutura cognitiva da criança é afetada.
Mas, muitas vezes, quando se ouve dizer que uma criança de 5 anos está lendo e escrevendo, logo vem aquela preocupação: será que meu filho de 6 anos tem problemas? Neste caso é melhor agir com bom senso, respeitando o ritmo de cada um. A escola deve ser parceira dos pais, dizendo-lhes quando percebe algo que mereça mais atenção.
Zorzi (2000) também comenta:
Estamos, como adultos, fortemente contaminados com noções rígidas de “certo” e “errado”: se a criança está agindo ou pensando da mesma forma que nós, então ela sabe, ela está certa, está aprendendo. Caso contrário, se ela assimila, ou entende uma situação de uma maneira distinta da nossa, que não está de acordo com nossas concepções e crenças, então ela está errada. Não está aprendendo. E, se não está aprendendo, então deve ter dificuldades, problemas, e assim por diante.
Há uma preocupação exagerada para que se leia cada vez mais cedo. O mais sensato é baixar a ansiedade, acompanhar o desenvolvimento da criança, confiar na escola do seu filho e proporcionar um ambiente rico em leitura e escrita, regado com muita paciência e persistência.
No mais é curtir e guardar estas primeiras tentativas de escrita com o mesmo valor dado às primeiras palavras e os primeiros passos.



Fonte de Pesquisa: Rosangela Vali

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