Escrito por Mauro de Almeida
Psicólogo Clínico – CRP/06-4356
Nos últimos tempos, nada me incomoda mais do que o princípio “eu finjo que faço e você finge que acredita”.
Cá com os meus botões (eu não sei o que faria sem eles) fico pensando no que significa INCLUIR.
O dicionário, como sempre, é preciso: inserir, introduzir, abranger, compreender, fazer parte.
Acredito que com base nessa conceituação simples, direta e objetiva,
grandes nomes do nosso tempo estabeleceram, em 1994, a Declaração de
Salamanca*, marco histórico na vida da educação inclusiva.
Por esse acordo, as escolas devem acomodar todas as crianças,
possibilitando que todas aprendam juntas, independente de quaisquer
dificuldades ou diferenças que possam ter, tanto de ordem física, quanto
intelectual, social, emocional, linguística ou outras.
As escolas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de
seus alunos, respeitando estilos e ritmos diferentes de aprendizagem e
assegurando uma educação de qualidade a todos, por meio de currículo
apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de
recursos adequados e parcerias com a comunidade. Além disso e através do
seu exemplo, as escolas tornam-se meios importantes e fundamentais no
combate à discriminação, respeitando e ensinando a respeitar as
diferenças e dignidade de todos os seres humanos.
Portanto, INCLUIR, meus amigos, é criar condições de atendimento a pessoas com todos os tipos de necessidades e ponto.
O que se vê nas escolas que eu conheço não é nada disso. Nada disso!!
INCLUIR, na prática, significa aceitar pessoas deficientes ou com
dificuldades de aprendizagem em ambientes escolares regulares. “E haja
paciência para aturá-los” como já ouvi de um diretor de escola pública
certa vez.
Só que, tanto pelo dicionário, quanto pela Declaração de Salamanca ou
pelo discurso de qualquer teórico em Educação essa forma de tratar o
assunto não passa de uma grande piada com consequências extremamente
danosas para esse enorme contingente de alunos.
Humildemente (ou cheio de sarcasmo, como queiram) eu acredito que, se
for para oferecer esse serviço de quinta categoria, seria muito melhor
retroceder ao formato das salas especiais, das escolas especiais, das
entidades especiais.
A cada dia recebo mais casos de crianças e jovens com necessidades
diferentes, mas o atendimento escolar para todos é o mesmo e nivelado
por baixo. Medíocre. Sem instalações físicas adequadas, sem equipamentos
diferenciados, etc, etc, etc e, o que é pior, sem planejamento
estratégico e sem professores capacitados para lidar com as mais
diversas situações de ensino/aprendizagem.
Culpa de quem?
Talvez dos teóricos, que sabem tudo, mas se esquecem de pensar em como as coisas vão acontecer no dia-a-dia.
Quem sabe dos políticos que, para agradar os eleitores, tomam atitudes
populistas sem considerar a estrutura necessária para que dêem certo.
É possível que seja dos dirigentes escolares porque simplesmente
aceitam todo tipo de pressão e absorvem todas as crianças fingindo que
as estão educando.
Talvez dos pais que, mesmo quando cientes dos problemas de seus filhos
(o que é raro!!) aceitam deixá-los nesse amontoado de crianças dentro de
uma sala de aula que, sabe-se lá como é, quantos alunos tem, que tipo
de recursos possui, etc, etc e se há uma equipe de profissionais
habilitados e capacitados para atender bem aos seus filhos.
E a responsabilidade?
Quem segura o rojão?
Como sempre, os professores e educadores, a quem compete a missão de,
todos os dias, trabalhar a aquisição do conhecimento, o desenvolvimento
social e o prazer de estudar de nossas crianças e jovens.
E isso é mais injusto do que os infames salários pagos a quem dedica uma vida inteira à Educação.
Cabe, aqui, um alerta a você professora, a você professor: não aceitem
decisões de quem quer que seja sem que lhes sejam fornecidas ferramentas
e capacitação. E muitíssimo adequadas, todas elas.
Se essa pouca vergonha chegou até nós em formato de pirâmide (de cima
para baixo e de poucos para muitos) vamos devolvê-la com a força que uma
base possui e provocar a fúria do vulcão.
Escrito por Mauro de Almeida
Psicólogo Clínico – CRP/06-4356
Nos últimos tempos, nada me incomoda mais do que o princípio “eu finjo que faço e você finge que acredita”.
Cá com os meus botões (eu não sei o que faria sem eles) fico pensando no que significa INCLUIR.
O dicionário, como sempre, é preciso: inserir, introduzir, abranger, compreender, fazer parte.
Acredito que com base nessa conceituação simples, direta e objetiva,
grandes nomes do nosso tempo estabeleceram, em 1994, a Declaração de
Salamanca*, marco histórico na vida da educação inclusiva.
Por esse acordo, as escolas devem acomodar todas as crianças,
possibilitando que todas aprendam juntas, independente de quaisquer
dificuldades ou diferenças que possam ter, tanto de ordem física, quanto
intelectual, social, emocional, linguística ou outras.
As escolas devem reconhecer e responder às diversas necessidades de
seus alunos, respeitando estilos e ritmos diferentes de aprendizagem e
assegurando uma educação de qualidade a todos, por meio de currículo
apropriado, modificações organizacionais, estratégias de ensino, uso de
recursos adequados e parcerias com a comunidade. Além disso e através do
seu exemplo, as escolas tornam-se meios importantes e fundamentais no
combate à discriminação, respeitando e ensinando a respeitar as
diferenças e dignidade de todos os seres humanos.
Portanto, INCLUIR, meus amigos, é criar condições de atendimento a pessoas com todos os tipos de necessidades e ponto.
O que se vê nas escolas que eu conheço não é nada disso. Nada disso!!
INCLUIR, na prática, significa aceitar pessoas deficientes ou com
dificuldades de aprendizagem em ambientes escolares regulares. “E haja
paciência para aturá-los” como já ouvi de um diretor de escola pública
certa vez.
Só que, tanto pelo dicionário, quanto pela Declaração de Salamanca ou
pelo discurso de qualquer teórico em Educação essa forma de tratar o
assunto não passa de uma grande piada com consequências extremamente
danosas para esse enorme contingente de alunos.
Humildemente (ou cheio de sarcasmo, como queiram) eu acredito que, se
for para oferecer esse serviço de quinta categoria, seria muito melhor
retroceder ao formato das salas especiais, das escolas especiais, das
entidades especiais.
A cada dia recebo mais casos de crianças e jovens com necessidades
diferentes, mas o atendimento escolar para todos é o mesmo e nivelado
por baixo. Medíocre. Sem instalações físicas adequadas, sem equipamentos
diferenciados, etc, etc, etc e, o que é pior, sem planejamento
estratégico e sem professores capacitados para lidar com as mais
diversas situações de ensino/aprendizagem.
Culpa de quem?
Talvez dos teóricos, que sabem tudo, mas se esquecem de pensar em como as coisas vão acontecer no dia-a-dia.
Quem sabe dos políticos que, para agradar os eleitores, tomam atitudes
populistas sem considerar a estrutura necessária para que dêem certo.
É possível que seja dos dirigentes escolares porque simplesmente
aceitam todo tipo de pressão e absorvem todas as crianças fingindo que
as estão educando.
Talvez dos pais que, mesmo quando cientes dos problemas de seus filhos
(o que é raro!!) aceitam deixá-los nesse amontoado de crianças dentro de
uma sala de aula que, sabe-se lá como é, quantos alunos tem, que tipo
de recursos possui, etc, etc e se há uma equipe de profissionais
habilitados e capacitados para atender bem aos seus filhos.
E a responsabilidade?
Quem segura o rojão?
Como sempre, os professores e educadores, a quem compete a missão de,
todos os dias, trabalhar a aquisição do conhecimento, o desenvolvimento
social e o prazer de estudar de nossas crianças e jovens.
E isso é mais injusto do que os infames salários pagos a quem dedica uma vida inteira à Educação.
Cabe, aqui, um alerta a você professora, a você professor: não aceitem
decisões de quem quer que seja sem que lhes sejam fornecidas ferramentas
e capacitação. E muitíssimo adequadas, todas elas.
Se essa pouca vergonha chegou até nós em formato de pirâmide (de cima
para baixo e de poucos para muitos) vamos devolvê-la com a força que uma
base possui e provocar a fúria do vulcão.
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