As
histórias em quadrinhos contribuem para despertar o interesse pela
leitura e pela escrita nas crianças e para sistematizar a alfabetização.
Como as HQs em geral unem palavra e imagem, elas contemplam tanto
alunos que já leem fluentemente quanto os que estão iniciando, pois
conseguem deduzir o significado da história observando os desenhos. A
curiosidade em saber o que está escrito dentro dos balões cria o gosto
pela leitura e, assim, os gibis podem ter grande eficácia nas aulas de
alfabetização.
Se
hoje essa visão é consagrada entre professores e pesquisadores, nem
sempre foi assim. Os quadrinhos usados atualmente em sala de aula eram
vistos como concorrentes dos livros de alfabetização, entendidos,
portanto, como uma distração prejudicial ao aprendizado. “Os quadrinhos
apareceram com mais frequência dentro da escola a partir da metade do
século passado. Primeiro, porque quase não existiam. Segundo, porque
havia esse preconceito contra eles”, diz Maria Angela Barbato Carneiro,
professora titular do Departamento de Fundamentos da Educação e
coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Faculdade de
Educação da PUC-SP.
Falta de hábito
Maria Angela acredita que, dentro da escola, os professores ainda usam
predominantemente muitos materiais mais tradicionais, como é o caso do
livro didático, em detrimento de outros recursos. “Penso que o professor
não está habituado com outros procedimentos – como um jornal, uma
revista –, e o fato de não estar habituado não lhe traz segurança”, diz.
Outro ponto que pode inibir a presença das HQs na alfabetização é o
entendimento de que os gibis são meros passatempos e, por isso, serem
deixados de lado por conta da crença de que eles serão lidos pelas
crianças em casa de todo modo.
Lucinea Rezende, professora do Departamento de Educação da Universidade
Estadual de Londrina (UEL-PR), que desenvolve e orienta trabalhos na
área de formação de leitores, concorda que ainda que se tenha avançado
bastante na direção de usar múltiplas formas de leitura em sala de aula,
fugindo do monopólio do livro didático, ainda se está voltado
predominantemente para o texto escrito. “Todos os gêneros que empregam
outras linguagens entram devagarinho nas salas de aula”, diz.
Os benefícios da história em quadrinhos para a educação, em particular
no ensino fundamental e na alfabetização, são oficialmente reconhecidos.
As HQs fazem parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE),
que possibilita a professores e alunos o acesso a obras distribuídas em
escolas públicas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também
incentivam o uso de quadrinhos e indicam que nas bibliotecas é
necessário que estejam à disposição dos alunos textos dos mais variados
gêneros (livros de contos, romances, jornais, quadrinhos, entre outros).
O PCN lista ainda a HQ como um gênero adequado para o trabalho com a
linguagem escrita.
“Alguns professores olham para a HQ e veem algo distante. Assim não têm
entusiasmo, não conseguem comentar sobre aquilo com os alunos”, acredita
José Felipe da Silva, professor de Libras (Linguagem Brasileira de
Sinais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – a
disciplina é oferecida a diversos cursos de graduação na Universidade.
Ex-professor do ensino fundamental e colecionador de HQs, Felipe da
Silva afirma que os quadrinhos foram um impulso para ele mesmo se
alfabetizar quando criança. Na escola em que dava aula, na rede
municipal de Natal, costumava fazer exposições com revistas e bonecos
dos personagens das HQs para atrair a atenção dos alunos.
Imaginação e fantasia
Luciana Begatini Silvério, professora de pós-graduação na área de
educação, lembra ainda que o PCN pede que o leitor seja formado como
alguém capaz de ler, compreender e interagir com a leitura – entendida
não só por meio de palavras e frases, mas, também, por diferentes tipos
de linguagem. Com os quadrinhos, a criança em fase de alfabetização que
ainda não domina a leitura e a escrita do alfabeto consegue fazer uma
leitura competente com o recurso das imagens. “Além disso, a criança
precisa muito ser formada no concreto. E nas HQs, os recursos de
imagens, expressões dos personagens, letras, metáforas visuais ajudam a
ter maior compreensão do que ela está lendo”, afirma.
Entre os elementos que se reconhecem como mais atrativos para as
crianças nas histórias em quadrinhos estão aspectos lúdicos, como cores,
onomatopeias, personagens e traços. Na dissertação de mestrado de
Luciana Begatini Silvério, defendida em 2012 – orientada por Lucinea
Rezende, na UEL –, ela fez uma pesquisa de campo com professores e
alunos da rede municipal da cidade Primeiro de Maio, no Paraná. A
pesquisa não foi feita com alunos em alfabetização e, sim, com
estudantes do segundo ciclo do EF. Dos 58 alunos participantes, 30
listaram as HQs entre seus gêneros de leitura preferidos. E três,
apenas, afirmaram não gostar de HQs (dois deles alegaram que os
quadrinhos são para serem lidos em casa).
Luciana Novello, professora do 1o ano do EF no Colégio Ofélia Fonseca,
em São Paulo, destaca justamente o caráter lúdico como um dos elementos
de atratividade dos quadrinhos. “As histórias em geral são divertidas,
somadas ao colorido das imagens. E temos gibis com histórias bem curtas,
de uma página, e para a criança ler fica uma leitura mais prazerosa”,
diz. Além disso, a professora afirma que, entre seus alunos, o gibi já
faz parte do cotidiano fora da escola: por isso, a familiaridade com os
personagens por si só já desperta o interesse das crianças.
Os quadrinhos podem, ainda, ser trabalhados com as crianças em idade de
alfabetização em relação com o brincar – como, por exemplo, uma forma de
trabalhar a imaginação, o “faz de conta”. “Alguns quadrinhos fazem
parte da literatura infantil, e a literatura infantil se alia à
brincadeira justamente através do simbólico, da fantasia. Quando você
permite que atuem a imaginação e a fantasia da criança é possível que
isso faça parte das atividades lúdicas”, diz Maria Angela Barbato
Carneiro.
Corrigindo a Mônica
Professor da Escola Polo Municipal Venita Ribeiro Marques, em Aral
Moreira (MS), Gilson Matoso considera a HQ uma das melhores maneiras
para chamar a atenção das crianças. Pós-graduado em Mídias na Educação
pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ele costuma
aliar o trabalho com os quadrinhos a datas especiais – como as festas
juninas. E, no segundo ano do EF, trabalha também a gramática.
Personagens conhecidos das HQs da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa,
o Cebolinha troca o “R” pelo “L” e o Chico Bento tem o registro da sua
fala acaipirada, com erros ortográficos. “Fazemos exercícios em que
corrigimos algumas palavras dos personagens, passando para a norma
culta”, diz Matoso.
Antes de o aluno desenvolver a leitura das palavras e dos desenhos em si
– como personagens e cenários – há outros elementos típicos das HQs que
as crianças aprendem a ler e a interpretar. “O texto está ali, não
podemos ignorá-lo, mas mesmo que as palavras escritas sejam estranhas
para o aluno, ele vai fazer a leitura visual da narrativa e vai
entender que aquilo pode ser uma fala, um grito”, diz José Felipe da
Silva.
A leitura do texto em si é facilitada ainda por conta do tipo de letra
normalmente grafada dentro dos balões, que é a letra em bastão. Como na
maior parte das escolas, a professora Luciana Novello explica que no
Colégio Ofélia Fonseca a letra bastão é usada desde o ensino infantil
até o primeiro ano, quando é introduzida então a letra cursiva, entre o
final do primeiro ano e o segundo ano do EF.
Lucinea Rezende, da UEL, afirma que é importante ainda ter como premissa
o tratamento da leitura como algo a ser construído continuamente. Ela
ressalta que isso é válido não somente na alfabetização e no ensino
fundamental, mas até mesmo na universidade. “Alguns estudantes gostam de
ler, outros, não – ou porque não puderam ou porque não se interessaram
suficientemente. Nesse caso, a gente precisa usar todos os recursos
possíveis: se a criança já lê HQ, o que a escola pode fazer para a
criança ler melhor, explorar outras possibilidades?”, questiona. A
professora e pesquisadora defende que a escola deve trabalhar, sempre,
com uma boa multiplicidade de textos, incluindo as HQs.
Além disso, Lucinea lembra que os alunos acabam desenvolvendo gostos por
diferentes tipos de leitura. Por isso, a escola precisa se apropriar de
todos os recursos possíveis. “Precisamos pensar ainda o que o professor
está almejando quando trabalha a leitura. Quanto à HQ, por exemplo, o
que se consegue ver nesse gênero literário? Pensamos na palavra, na
imagem, nos personagens?”. A reflexão sobre os materiais usados pelos
educadores deve levar em conta, afirma Lucinea, não somente questões da
linguagem, mas também, de fundo social das narrativas. “É a partir dessa
compreensão que se devem usar as HQs na alfabetização. Alfabetizar é
trazer para o mundo da escrita, dos números, para que o aluno possa
dialogar e interagir com o mundo”, explica.
Produção do texto
Com as HQs pode-se ainda propor a construção de histórias. “Para a
produção de texto os alunos em geral gostam muito dos quadrinhos, por
conta do desenho. É uma boa ferramenta para a sequência didática, em que
é preciso ter um resultado final da produção deles”, diz Gilson Matoso.
Além de desenhar, pode-se trabalhar com o texto produzido sobre
histórias já feitas, com os balões em branco. “Nesse caso o objetivo
não é pensar em inventar a história, mas na escrita, na língua”, diz
Luciana Novello, do Ofélia Fonseca. “No 1o ano, a principal ideia do uso
do gibi é a aquisição de leitura e escrita. E, eventualmente, um
trabalho com arte e ilustrações”, completa.
A professora afirma que os gibis são trabalhados em aula como um gênero
textual. Em momentos de leitura planejada, cada aluno escolhe um
exemplar para ler – seja ela leitura convencional (fluente) ou não.
“Também se lê em dupla, um leitor mais fluente com outro menos fluente”,
explica.
As
histórias em quadrinhos contribuem para despertar o interesse pela
leitura e pela escrita nas crianças e para sistematizar a alfabetização.
Como as HQs em geral unem palavra e imagem, elas contemplam tanto
alunos que já leem fluentemente quanto os que estão iniciando, pois
conseguem deduzir o significado da história observando os desenhos. A
curiosidade em saber o que está escrito dentro dos balões cria o gosto
pela leitura e, assim, os gibis podem ter grande eficácia nas aulas de
alfabetização.
Se
hoje essa visão é consagrada entre professores e pesquisadores, nem
sempre foi assim. Os quadrinhos usados atualmente em sala de aula eram
vistos como concorrentes dos livros de alfabetização, entendidos,
portanto, como uma distração prejudicial ao aprendizado. “Os quadrinhos
apareceram com mais frequência dentro da escola a partir da metade do
século passado. Primeiro, porque quase não existiam. Segundo, porque
havia esse preconceito contra eles”, diz Maria Angela Barbato Carneiro,
professora titular do Departamento de Fundamentos da Educação e
coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da Faculdade de
Educação da PUC-SP.
Falta de hábito
Maria Angela acredita que, dentro da escola, os professores ainda usam
predominantemente muitos materiais mais tradicionais, como é o caso do
livro didático, em detrimento de outros recursos. “Penso que o professor
não está habituado com outros procedimentos – como um jornal, uma
revista –, e o fato de não estar habituado não lhe traz segurança”, diz.
Outro ponto que pode inibir a presença das HQs na alfabetização é o
entendimento de que os gibis são meros passatempos e, por isso, serem
deixados de lado por conta da crença de que eles serão lidos pelas
crianças em casa de todo modo.
Lucinea Rezende, professora do Departamento de Educação da Universidade
Estadual de Londrina (UEL-PR), que desenvolve e orienta trabalhos na
área de formação de leitores, concorda que ainda que se tenha avançado
bastante na direção de usar múltiplas formas de leitura em sala de aula,
fugindo do monopólio do livro didático, ainda se está voltado
predominantemente para o texto escrito. “Todos os gêneros que empregam
outras linguagens entram devagarinho nas salas de aula”, diz.
Os benefícios da história em quadrinhos para a educação, em particular
no ensino fundamental e na alfabetização, são oficialmente reconhecidos.
As HQs fazem parte do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE),
que possibilita a professores e alunos o acesso a obras distribuídas em
escolas públicas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) também
incentivam o uso de quadrinhos e indicam que nas bibliotecas é
necessário que estejam à disposição dos alunos textos dos mais variados
gêneros (livros de contos, romances, jornais, quadrinhos, entre outros).
O PCN lista ainda a HQ como um gênero adequado para o trabalho com a
linguagem escrita.
“Alguns professores olham para a HQ e veem algo distante. Assim não têm
entusiasmo, não conseguem comentar sobre aquilo com os alunos”, acredita
José Felipe da Silva, professor de Libras (Linguagem Brasileira de
Sinais) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – a
disciplina é oferecida a diversos cursos de graduação na Universidade.
Ex-professor do ensino fundamental e colecionador de HQs, Felipe da
Silva afirma que os quadrinhos foram um impulso para ele mesmo se
alfabetizar quando criança. Na escola em que dava aula, na rede
municipal de Natal, costumava fazer exposições com revistas e bonecos
dos personagens das HQs para atrair a atenção dos alunos.
Imaginação e fantasia
Luciana Begatini Silvério, professora de pós-graduação na área de
educação, lembra ainda que o PCN pede que o leitor seja formado como
alguém capaz de ler, compreender e interagir com a leitura – entendida
não só por meio de palavras e frases, mas, também, por diferentes tipos
de linguagem. Com os quadrinhos, a criança em fase de alfabetização que
ainda não domina a leitura e a escrita do alfabeto consegue fazer uma
leitura competente com o recurso das imagens. “Além disso, a criança
precisa muito ser formada no concreto. E nas HQs, os recursos de
imagens, expressões dos personagens, letras, metáforas visuais ajudam a
ter maior compreensão do que ela está lendo”, afirma.
Entre os elementos que se reconhecem como mais atrativos para as
crianças nas histórias em quadrinhos estão aspectos lúdicos, como cores,
onomatopeias, personagens e traços. Na dissertação de mestrado de
Luciana Begatini Silvério, defendida em 2012 – orientada por Lucinea
Rezende, na UEL –, ela fez uma pesquisa de campo com professores e
alunos da rede municipal da cidade Primeiro de Maio, no Paraná. A
pesquisa não foi feita com alunos em alfabetização e, sim, com
estudantes do segundo ciclo do EF. Dos 58 alunos participantes, 30
listaram as HQs entre seus gêneros de leitura preferidos. E três,
apenas, afirmaram não gostar de HQs (dois deles alegaram que os
quadrinhos são para serem lidos em casa).
Luciana Novello, professora do 1o ano do EF no Colégio Ofélia Fonseca,
em São Paulo, destaca justamente o caráter lúdico como um dos elementos
de atratividade dos quadrinhos. “As histórias em geral são divertidas,
somadas ao colorido das imagens. E temos gibis com histórias bem curtas,
de uma página, e para a criança ler fica uma leitura mais prazerosa”,
diz. Além disso, a professora afirma que, entre seus alunos, o gibi já
faz parte do cotidiano fora da escola: por isso, a familiaridade com os
personagens por si só já desperta o interesse das crianças.
Os quadrinhos podem, ainda, ser trabalhados com as crianças em idade de
alfabetização em relação com o brincar – como, por exemplo, uma forma de
trabalhar a imaginação, o “faz de conta”. “Alguns quadrinhos fazem
parte da literatura infantil, e a literatura infantil se alia à
brincadeira justamente através do simbólico, da fantasia. Quando você
permite que atuem a imaginação e a fantasia da criança é possível que
isso faça parte das atividades lúdicas”, diz Maria Angela Barbato
Carneiro.
Corrigindo a Mônica
Professor da Escola Polo Municipal Venita Ribeiro Marques, em Aral
Moreira (MS), Gilson Matoso considera a HQ uma das melhores maneiras
para chamar a atenção das crianças. Pós-graduado em Mídias na Educação
pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), ele costuma
aliar o trabalho com os quadrinhos a datas especiais – como as festas
juninas. E, no segundo ano do EF, trabalha também a gramática.
Personagens conhecidos das HQs da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa,
o Cebolinha troca o “R” pelo “L” e o Chico Bento tem o registro da sua
fala acaipirada, com erros ortográficos. “Fazemos exercícios em que
corrigimos algumas palavras dos personagens, passando para a norma
culta”, diz Matoso.
Antes de o aluno desenvolver a leitura das palavras e dos desenhos em si
– como personagens e cenários – há outros elementos típicos das HQs que
as crianças aprendem a ler e a interpretar. “O texto está ali, não
podemos ignorá-lo, mas mesmo que as palavras escritas sejam estranhas
para o aluno, ele vai fazer a leitura visual da narrativa e vai
entender que aquilo pode ser uma fala, um grito”, diz José Felipe da
Silva.
A leitura do texto em si é facilitada ainda por conta do tipo de letra
normalmente grafada dentro dos balões, que é a letra em bastão. Como na
maior parte das escolas, a professora Luciana Novello explica que no
Colégio Ofélia Fonseca a letra bastão é usada desde o ensino infantil
até o primeiro ano, quando é introduzida então a letra cursiva, entre o
final do primeiro ano e o segundo ano do EF.
Lucinea Rezende, da UEL, afirma que é importante ainda ter como premissa
o tratamento da leitura como algo a ser construído continuamente. Ela
ressalta que isso é válido não somente na alfabetização e no ensino
fundamental, mas até mesmo na universidade. “Alguns estudantes gostam de
ler, outros, não – ou porque não puderam ou porque não se interessaram
suficientemente. Nesse caso, a gente precisa usar todos os recursos
possíveis: se a criança já lê HQ, o que a escola pode fazer para a
criança ler melhor, explorar outras possibilidades?”, questiona. A
professora e pesquisadora defende que a escola deve trabalhar, sempre,
com uma boa multiplicidade de textos, incluindo as HQs.
Além disso, Lucinea lembra que os alunos acabam desenvolvendo gostos por
diferentes tipos de leitura. Por isso, a escola precisa se apropriar de
todos os recursos possíveis. “Precisamos pensar ainda o que o professor
está almejando quando trabalha a leitura. Quanto à HQ, por exemplo, o
que se consegue ver nesse gênero literário? Pensamos na palavra, na
imagem, nos personagens?”. A reflexão sobre os materiais usados pelos
educadores deve levar em conta, afirma Lucinea, não somente questões da
linguagem, mas também, de fundo social das narrativas. “É a partir dessa
compreensão que se devem usar as HQs na alfabetização. Alfabetizar é
trazer para o mundo da escrita, dos números, para que o aluno possa
dialogar e interagir com o mundo”, explica.
Produção do texto
Com as HQs pode-se ainda propor a construção de histórias. “Para a
produção de texto os alunos em geral gostam muito dos quadrinhos, por
conta do desenho. É uma boa ferramenta para a sequência didática, em que
é preciso ter um resultado final da produção deles”, diz Gilson Matoso.
Além de desenhar, pode-se trabalhar com o texto produzido sobre
histórias já feitas, com os balões em branco. “Nesse caso o objetivo
não é pensar em inventar a história, mas na escrita, na língua”, diz
Luciana Novello, do Ofélia Fonseca. “No 1o ano, a principal ideia do uso
do gibi é a aquisição de leitura e escrita. E, eventualmente, um
trabalho com arte e ilustrações”, completa.
A professora afirma que os gibis são trabalhados em aula como um gênero
textual. Em momentos de leitura planejada, cada aluno escolhe um
exemplar para ler – seja ela leitura convencional (fluente) ou não.
“Também se lê em dupla, um leitor mais fluente com outro menos fluente”,
explica.
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